Separar os talheres e panelas de casa, ler as letrinhas minúsculas dos rótulos de alimentos, checar as informações da embalagem no SAC dos fabricantes. A rotina dos alérgicos a alimentos parece paranóia, mas qualquer descuido pode causar reações severas e até a morte nos casos mais graves.
No Brasil, uma a cada 13 crianças é alérgica a algum tipo de alimento. Os vilões mais frequentes são os ovos, leite, peixe, crustáceos, castanhas, amendoim, trigo e soja. A lista não para aí. Segundo a Anvisa, mais de 170 alimentos já foram descritos como causadores de alergia.
Quem sofre com restrição alimentar só tem uma alternativa para fazer uma compra segura no supermercado: ter certeza de que os rótulos apresentam informações completas sobre os componentes. Não basta citar os ingredientes. É fundamental evitar a contaminação cruzada. Como funciona isso? A contaminação cruzada acontece quando não tem adição intencional de determinado alergêncio ou derivados. Mas pode apresentar traços do alimento como consequência de alguma etapa da fabricação. Um cuidado minucioso que pode evitar surpresas na rotina dos alérgicos.
Convencer as empresas a cumprir com rigor a comunicação dos possíveis ingredientes não é tarefa fácil. Para pressionar os órgãos públicos e fabricantes, mães de alérgicos se uniram para bater de frente com o pouco caso da indústria. Criaram o movimento “Põe no rótulo” em 2014 para conquistar meios legais de obrigar a divulgação informações completas e de fácil compreensão nas embalagens.
A primeira vitória do grupo foi comemorada em junho de 2015 quando a Anvisa aprovou por unanimidade a proposta de regulamentação da rotulagem de alergênicos (RDC nº 26/2015). O texto publicado no diário oficial prevê 12 meses para adequação das embalagens de alimentos e bebidas, ou seja, julho deste ano. Às vésperas do vencimento do prazo, as empresas pressionam a Anvisa para adiar em até mais 18 meses o período de adaptação.
Não são apenas as embalagens que provocam confusão. A falta da divulgação de informação sobre restrições alimentares contribui para a nossa ignorância e preconceito sobre o tema. Separamos as principais dúvidas e mitos. Informe-se e contribua com o debate nas redes e com seus amigos.
O QUE SÃO AS ALERGIAS ALIMENTARES?
São reações adversas desencadeadas por uma resposta imunológica específica que ocorrem em pessoas sensíveis ao consumo de determinado alimento. Os graus de sensibilidade e gravidade das reações variam entre os alérgicos. Os sistemas cutâneo, digestivo, respiratório e cardiovascular são os principais afetados.
COMO SABER SE TENHO ALERGIA ALIMENTAR?
O diagnóstico sempre deve ser feito por um médico a partir de uma investigação detalhada da história clínica do indivíduo e a aplicação de diferentes testes de diagnóstico. Alguns sintomas poder ser confundidas com outras reações adversas a alimentos como a doença celíaca e intolerâncias alimentares.
INTOLERÂNCIA À LACTOSE É UMA ALERGIA ALIMENTAR?
Não. Intolerância à lactose é uma reação adversa que não envolve o sistema imunológico. Ela ocorre devido à deficiência da enzima lactase. Na maioria dos mamíferos, a produção dessa enzima diminui após o período de amamentação. A lactose é o principal açúcar presente no leite de mamíferos.Quando indivíduos com má digestão de lactose ingere o leite animal, parte do açúcar não é digerida e atinge o cólon, sendo degradada em ácido lático, ácido acético, hidrogênio e dióxido de carbono pelas bactérias intestinais. Uma mistura bombástica que provoca dor abdominal, flatulência, diarreia, náusea e vômito.
DOÊNÇA CELÍACA É UMA ALERGIA ALIMENTAR?
Não. A doença celíaca é uma doença autoimune inflamatória do intestino delgado após a ingestão do glúten, fração proteica encontrada no trigo, centeio, cevada e aveia.
Segundo o relatório da Avisa, indivíduos com a doença celíaca podem tolerar pequenas quantidades de glúten na alimentação (10mg/dia) sem efeitos colaterais graves. Entre os alérgicos a trigo, quantidades bem menores de glúten podem ser suficientes para desencadear reações adversas.
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