
Foto no passaporte do músico
Escreva “Prince” no Google e logo em seguida aparece a palavra “weird”, estranho, esquisito… A morte prematura, aos 57 anos, do gênio da black music trouxeram à tona muitos causos para justificar a alma excêntrica dele. Sim, o cara era cheio de esquitices. Mas o que fica claro agora mais do que nunca é que as esquisitices dele tem muito a nos ensinar. Faço uma listinha das minhas cinco esquisitices prediletas do Prince e sugiro o que temos a aprender com elas.
1. PRINCE SE CHAMAVA PRINCE: não era nome artístico. Nome completo: Prince Roger Nelson. Filho de uma cantora com um músico de jazz, mistura de sangue italiano e negro, nasceu e morreu em Mineápolis, cidade pequena e sem o glamour dos grandes centros. Lá aprendeu a tocar piano aos sete anos e lá construiu um mega estúdio onde gravou a maior parte dos seus discos e clipes. Valorizava os amigos e a sua origem.
2. RARAMENTE DAVA ENTREVISTAS OU DEIXAVA SE GRAVAR: em 1995 deu uma entrevista para a BBC de Londres com uma máscara e não pronunciou uma única palavra. Que diferença dos tempos atuais onde todo mundo quer falar e dar opinião o tempo todo, né?
3. RENUNCIA AO SEU PRÓPRIO NOME: em 1993, num dos momentos mais chocantes da sua esquisitices, abandonou seu nome no auge da fama por um símbolo impronunciavel que unia os gêneros masculino e feminino. Enlouqueceu agentes que cuidavam da carreira dele. O movimento envolvia uma disputa com a gravadora pela propriedade das suas obras. Ele sustentou a mudança por seis anos, disse que foi muito bom para se renovar artisticamente. Só voltou a usar o nome em 1999, seis anos depois. Que coragem para se renovar continuamente, hein?
4. RELIGIOSIDADE AUTÊNTICA: converteu-se à religião Testemunhas de Jeová em 2001, chegou a ir de porta em porta, como fazem os seguidores dessa tradição, pregando a bíblia. Quem o acompanhava nessas andanças era o grande baixista Larry Graham, que influenciou a funk music com seu jeito de tocar o instrumento. Imagina a cara das pessoas que atendiam a porta quando esses dois tocavam a campainha. Prince frequentava uma igreja a poucos metros da sua casa, em Mineápolis. Ao contrário do que se pode pensar, Prince não bebia ou usava drogas. Era religioso na dele, sem tentar convencer as pessoas através da sua poderosa imagem na mídia. Ia para a rua, pregar para anônimos, anonimamente.
O baixista Larry Graham que tocava com Prince e praticava a mesma religião que ele.
5. A PASSAGEM DO TEMPO: Para Prince o tempo do relógio era uma ilusão. Ele não contava o tempo, não comemorava aniversário, não acreditava se interessava pela passagem dos dias. Acreditava que a vida é o que acontece no instante presente. Isso não tem nada a ver com esconder a idade. Ele dedicava cada segundo da vida ao trabalho. Fazia questão de cuidar de todos aspectos da sua arte, da cenografia, dos clipes, tocava todos os instrumentos, fazia os arranjos e dirigia sua banda. Foi dono do seu tempo. Produziu 40 álbuns nos seus 40 anos de carreira. O tecladista brasileiro Renato Neto, que tocou por mais de 10 anos com ele, diz que há muitas obras inéditas a caminha já gravadas.
Numa rara entrevista a Ophra Winfrey, ele reconheceu que é um cara estranho. Quando ela perguntou qual a coisa mais importante dele, o que as pessoas deveriam levar dele, ele respondeu: a música.
Video: Prince falando sobre ser estranho para Oprah Winfrey
Num mundo cheio de esquisitices sem sentido, cusparadas, pessoas que não respeitam nem mesmo os mortos na ciclovia do Rio de Janeiro, prefiro ficar e aprender com as do Prince.
Video abaixo: homenageado por Adam Levine, do Maaron 5, no show de rádio de Howard Stern.
Escute abaixo minha coluna na CBN que foi ao ar ao vivo dia 25 de abril. <3