Um a cada cinco atletas da delegação brasileira nos Jogos Paralímpicos tiveram suas lesões provocadas por um acidente de automóvel. O dado revela o massacre nas ruas. Se na Paralimpíada o Brasil ocupa o Top 5 no quadro de medalhas, estamos também em quinto lugar na competição de mortos no trânsito no mundo. Quando a modalidade é acidentes fatais com moto, carregamos a trágica medalha de prata, perdendo apenas para o Paraguai.
É só unir 178 nações e o número parece relato de guerra. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde, 1,3 milhões de pessoas morrem por ano no trânsito além dos 50 milhões que sobrevivem com sequelas. A ONU está disposta a abrir nossos olhos para a tragédia declarando que vivemos na década de ações para segurança no trânsito.
Há pouco mais de um ano, a cidade de São Paulo virou um caldeirão de nervos depois da prefeitura reduzir as velocidades das vias, como o exemplo da Marginal Expressa reduzida de 90 para 70km/h. A poeira baixou e os acidentes caíram em 38% na comparação do primeiro semestre deste ano versus 2015. Funcionou. E para a surpresa dos mais apressados, pisar menos no acelerador fez o congestionamento cair em quase 9%.
Que não comecem lançar seus coxinhas e petralhas contra mim, isso aqui não é papo partidário. Nunca apoiei qualquer partido nem defendo campanha de qualquer candidato. Mas algo chamou minha atenção nos discursos para disputa de voto dos paulistanos: quase todos os candidatos de oposição lançaram a promessa de voltar com as velocidades mais altas das ruas da cidade. Com o argumento de que a ação seria uma fábrica de arrecadação com as multas que realmente dobraram depois da nova regulamentação, os candidatos se esqueceram de valorizar cada vida preservada.
Lembro de quando obrigatoriedade do cinto de segurança era novidade. Do que teve de revoltados defendendo a liberdade de escolha não foi brincadeira. Tinha até gente que jogava o cinto sem prender só para enganar os guardas. Medidas para educar uma cidade acontecem aos poucos. O importante é não dar passos para trás.
Como de praxe em pleitos por um cargo na prefeitura, o argumento é derrubar a ponte que a oposição construiu. Nessa bobagem, a discussão fica apenas no apelo por votos e deixamos de lado o mais importante que seria a cidadania.
Só espero que a redução das velocidades nas vias resistam à troca de gestão assim como sobreviveram outras iniciativas passadas que beneficiaram a cidade. Um bom exemplo é a Lei Cidade Limpa, implementada pelo Gilberto Kassab, de partido oposto ao atual prefeito Fernando Haddad, que regulamentou a publicidade nos livrando dos outdoors encavalados poluindo o horizonte.
Vamos deixar de lado a briga de travesseiros e botar a caixola para pensar na hora de decidir o voto.