A semana começou na zoeira com os atrasados do Enem. Vídeos, memes e até camarotes improvisados com cerveja foram montados para tirar um sarro daqueles que dão de cara no portão. Estamos rindo da coisa certa?
Basta olhar os dados sobre a educação do nosso país para perceber que os atrasados somos nós. Atualmente, a cada cem jovens brasileiros, apenas catorze acessaram uma faculdade. E já foi pior. Há 20 anos atrás, esse número caía para cinco a cada cem.
Melhoramos, mas estamos bem longe de alcançar a meta estipulada em 2000, quando acreditava-se que colocaríamos 30% dos jovens no ensino superior até 2011. As expectativas agora são bem mais pessimistas. Com o andar da carruagem, não vamos bater este valor nem em 2020.
Apesar do aumento do número de universidades nos últimos anos, cumprir com os valores das mensalidades não tem sido tarefa fácil. De onde começa a disputa acirrada por uma cadeira nas universidades públicas.
Além dos atrasados do Enem, encontramos neste ano os fraudulentos da prova com espertinhos pagando até 180 mil reais para gambiarras com o gabarito.
Como se já não fosse difícil entrar em uma faculdade, concluir o curso é mais uma barreira. O índice de evasão nas universidades continua sendo uma grande questão no país. Dependendo do curso e região do país, nem a metade dos matriculados levam o certificado de conclusão de curso para casa. É o caso das engenharias. A Confederação Nacional das Indústrias analisou os inscritos durante a década anterior. Apenas 44% dos matriculados levou o título de engenheiro ao final do curso. O motivo? Falta de uma base sólida em matemática básica. No geral, além da dificuldade para acompanhar as disciplinas, o desapontamento com o curso e a universidade mais a crise financeira ocupam a lista de motivos de tanta desistência.