O Brasil tem cerca de 105 milhões de leitores, diz a quarta edição da pesquisa Retratos da Leitura no Brasil. Parece muito. Mas não é. A pesquisa é uma encomenda ao Ibope do Instituto Pró-livro, que tem como objetivo transformar o Brasil num país de leitores.
A pesquisa começou em 2000, Alguns números da quarta edição comparada com as anteriores, são até animadores. Número de leitores subiu 6% em relação a 2011.
Como disse, somos 105 milhões, pouco mais da metade. A definição de leitor é quem leu um livro nos últimos tres meses anteriores à pesquisa.
30% dos brasileiros nunca comprou um livro na vida! Metade não compram, emprestam com parentes, conhecidos ou bibliotecas. 23% tem acesso ao livro quando são presenteados.
Quem são os influenciadores para a leitura? Em primeiríssimo lugar: a mãe. Depois, o professor e aí o pai.

As mães representam a principal influência para os leitores brasileiros.
Gordon/Flickr
Brasileiro lê em média pouco menos que cinco livros por ano. Considera-se aí todos os gêneros: todos gêneros: literatura, contos, romances, poesia, gibis, Bíblia, livros religiosos e livros didáticos.
Quais os livros mais citados? Em primeiro lugar, o primeiro best-seller da história, a Bíblia. Aliás, a maioria entre os 15 autores mais citados são relacionados a alguma religião ou líder religioso. Em segundo lugar, Diário de um Banana, a história de Greg um garoto que é zuado na escola justamente por ter um diário. Temos ainda, o fenômeno Cinquenta Tons de Cinza, Paulo Coelho, autor brasileiro geralmente alvo de preconceito por certa parte da intelectualidade e dois vloggers. Ah, registra-se ainda a brava resistência de Machado de Assis, que é citado na lista de autores.
Vamos olhar para a lista sem preconceitos. Toda leitura é bem-vinda. O problema está quando comparamos o Brasil com outros países onde são realizada a pesquisa.
Está lendo algum livro? 59% dizem não!!!

Apesar do aumento de leitores no Brasil contra os números de 2001, as estatísticas ainda revelam falta de interesse na leitura.
Robert Spiegel/Flickr
Enquanto na Espanha 85% da população afirma ler por prazer, na América Latina, os motivos mais citados são obter conhecimentos gerais, atender exigências escolares e acadêmicas.
De acordo com o CERLALC, o prazer da leitura também marca a diferença entre um leitor assíduo e um esporádico. Argentina, o país latino-americano com maior índice de leitura de livros. Entre os leitores deste país, 70% afirmam ler por prazer, o que justifica o alto índice de leitura.
Chile e Argentina lideram a lista de quantidade de livros lidos ao ano por habitante, com 5,4 e 4,6, respectivamente, diante dos 10,3 da Espanha. Nesta escala, o México e a Colômbia aparecem na parte mais baixa, com 2,9 e 2,2.
Em relação à leitura de livros, o estudo apresenta a Argentina no topo da lista com índice de 55%, seguido pelo Chile (51%), Brasil (46%), Colômbia (45%), Peru (35%) e México (20%), enquanto na Espanha o índice é de 61%.
E por que o brasileiro não lê? O motivo principal: falta de tempo: 43% usaram essa desculpinha, entre outras como não tem paciência, não tem concentração, não compreende…
E o que o brasileiro diz que faz no tempo livre? Comparada com a pesquisa anterior, temos uma tendência bem clara.
Dê uma olhada em o que acontecem com o comparativo entre 2011 e 2015 quando o assunto é consumo de conteúdo por meio.
TV (caindo): de 85% para 73%
Música/rádio: de 52% para 60%
Internet: 24% para 47%
WhatsApp: x para 43%
Redes sociais: 18% para 35%

O acesso à Internet e redes sociais aumentam cada vez mais, enquanto os livros continuam ficando em segundo plano.
PhotoPhoto33 / Flickr
Ou seja, estamos lendo menos livros e lendo mais coisas nas redes sociais. Não deveria ser o contrário? Debates super necessários como o recente caso de estupro no Rio de Janeiro não teriam mais consequências? Se o delegado afastado do caso lesse mais ele não estaria mais aparelhado para entrevistar a garota molestada com mais respeito e compaixão?
Eu quero mais leitura e mais debate!