Como será seu último suspiro? Algum dia já pensou sobre isso e dividiu com as pessoas mais próximas? Não é o papo mais agradável para o almoço em família, mas acredite: não faz tão mal para a digestão como você pensa.
Um a cada três brasileiros nunca conversou com familiares sobre a morte. Pelo menos, foi o que mostrou uma pesquisa divulgada nesta semana encomendada pela The Economist em parceria com o instituto norte-americano Família Kaiser.
Apesar de o assunto não vir à mesa, não queremos largar o osso da vida. O questionário aplicado no Brasil, Itália, EUA e Japão mostrou que os brasileiros (70%) são os que mais têm o sonho de vida longa apesar dos pesares da velhice. Entre os japoneses, por exemplo, apenas 15% respondeu que prefere viver por muito tempo ainda que não tenha as melhores condições de saúde e cuidados.
No fim da linha, a preocupação dos brasileiros (88%) é estar em paz espiritualmente e rodeado de pessoas queridas. Por falar em espiritualidade, entre os países pesquisados, somos a terra mais cristã. Católicos e Evangélicos somam 74% entre os que responderam o questionário.
Com o pé na tábua do caixão, é a fé em Deus que aflora. De acordo com o relatório "Retratos da Leitura do Brasil" de 2016, encomendado pelo Instituto Pro-Livro, os livros religiosos e a própria Bíblia vão entrando cada vez mais na cabeceira dos brasileiros conforme a idade chega.
Em uma prática de meditação, fui convidado a pensar numa cena inicialmente bem macabra. A cena do meu velório sob o ponto de vista do meu corpo repousado no caixão. O início era sombrio. Aos poucos, fui enxergando meus familiares e amigos ao som da música que idealizei para o momento. A reflexão terminou com muita leveza e vida.
Um exercício que recomendo ao leitor.
Na revisão da vida de trás pra frente, é possível uma nova calibragem na balança de o que é realmente relevante e, finalmente, tirar o peso engordado pelo tabu que nos impede falar sobre a morte.