Continuo, como a maioria dos brasileiros, espantado com os acontecimentos e sem me identificar com “golpistas” ou “defensores da democracia”. Ao mesmo tempo, estou surpreendentemente animado. Não fui à manifestações contra ou a favor de Dilma. Se não me identifico com quem apóia Dilma, os supostos defensores da “democracia”; tampouco me identifico com quem a está tirando do poder, chamada pelos primeiros de “golpistas”. Eu me identifico com a massa que trabalha calada.
Eu não estou isento. O Impeachment de Dilma é absolutamente legítimo porque foi montado nos últimos anos um esquema criminoso de poder pelo PT, especialmente na recente reeleição da presidente. A roubalheira da era Lula é algo nunca antes visto na história do país. O saque à Petrobrás, o desrespeito às contas públicas, o ataque aos bancos públicos… Nem o mais lunático petista é capaz de desmentir os fatos. Há outras facções envolvidas? Sim, que sejam todos punidos exemplarmente.
Também é igualmente legítimo petistas se referirem ao Impeachtment como “golpe”. Tal atitude é um ato de resistência política, faz parte do jogo desqualificar a Lei de Responsabilidade Fiscal que fisgou as travessuras da atual presidente. Pátria Educadora é a uma frase vazia de marketing.
O momento não é de confronto. É de entender que o Brasil não começou com Lula nem com FHC, nem com os anteriores. O Brasil vem sendo construído, e também pilhado, desde tempos imemoriais. Vemos agora uma oportunidade de saneamento. Não me refiro, obviamente, a um suposto governo Temer, um homem menor, que sempre viveu à sombra do poder. Me refiro à fibra, inteligência e resiliência dos cidadãos brasileiros, trabalhadores, que silenciosamente ergueram a nação. Estes já provaram com sua própria existência diante de tantas nulidades uma total competência para reconstruir um novo país. É hora de avançar na construção da frágil democracia brasileira sem aspas. Democracia não tem dono. É um sistema que prevê o conflito de idéias.
1.8 milhões de empresas foram fechadas em 2015. Há 11 milhões de brasileiros desempregados. Há que se recomeçar das cinzas. Os políticos são temporários. A cultura, a dignidade e os direitos do povo brasileiro devem ser permanentes e consistentes. Me coloco na posição mais ingênua e frágil possível: a de quem propõe o diálogo e a tolerância para reinvenção da nação. Com sinceridade, transparência, trabalho, humor e afeto.
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