Se você é um legítimo consumidor digital, já ouviu a expressão “fazenda de cliques”, uma analogia com serviços pilantras de venda de reputação e tráfego na Internet.
O cultivo binário não é novidade. Há pelo menos quatro anos, pelas ruas de Bangladesh, garotos ofereciam, por apenas 3 dólares, mil likes no YouTube ou Facebook usando contas fantasmas, clicando manualmente.
Nem mesmo robôs são novidades. Pra quem considera a família dos Jetsons moderninha para os anos sessenta, imagine assistir a uma peça de teatro na República Tcheca em 1921 que falava sobre robôs. O termo foi usado pela primeira vez na encenação de R.U.R., iniciais para “A Fábrica de Robôs”, escrita pelo tcheco Karel Capek.
Quase um século depois da inteligência virtual assumir o termo nos dicionários, as traquitanas tecnológicas ainda chocam os humanos.
Na semana passada, um vídeo publicado pelo usuário @EnglishRussia1 no Twitter agitou os compartilhamentos nas redes. A imagem mostrava uma fazenda de likes na China. Mais de dez mil celulares plantados por cabos organizados para gerar curtidas e avaliações positivas nos produtos das empresas que contratam os fazendeiros de bons reviews.
O que parece alimento para blogueiros carentes pode envolver um papo que não é brincadeira. As avaliações de produtos e serviços online são levadas a sério pelos consumidores. Uma pesquisa do Instituto Locomotiva apontou que os brasileiros levam em conta as informações na Internet sobre um determinado produto tanto quando as recomendações de um especialista no momento de decisão de compra.
Se o sistema de comentários e avaliações podem estar contaminados por robôs que geram reviews positivos a partir de contas falsas, nasce o mercado de controle de pragas virtual.
Nos EUA, sites de checagem de avaliações na Amazon.com foram criados para certificar a segurança dos comentários e estrelinhas dadas a cada produto ou fornecedor no site de vendas em sua versão americana.
O Review Meta https://reviewmeta.com/, Fake Spot http://fakespot.com e TrustTwerty https://trustwerty.com/ são alguns exemplos. Basta copiar o link do produto no site da Amazon.com e colar nas páginas para gerar um relatório de credibilidade de avaliações.
Mas se o que você busca é apenas aumentar a coleção de corações no Instagram, a Forbes publicou uma lista de 50 ações que ajudam como arrancar mais likes dos seus seguidores sem colocar a mão no bolso.
Fotos com mais azul tendem a receber 24% mais likes do que imagens nas quais o vermelho ou o laranja predominam. Não é à toa que as selfies fazem sucesso. Uma pesquisa feita com 1,5 milhões de fotos no Instagram revelou que imagens com rostos têm 35% mais curtidas do que apenas paisagens ou objetos.
Todos os dias, estima-se que 61 milhões de fotos são postadas no Instagram. A tarefa de conseguir colher um coração de um dos 3,5 bilhões de usuários da Internet é desafio para uns e oportunidade de negócio para outros.
Enquanto isso, convido começar a semana com uma pergunta: qual o significado dos likes mesmo?