Faculdades da USP, Unicamp e Unesp estão atualmente “ocupadas”, modelo recentemente bem-sucedido nas manifestações de secundaristas que tomaram conta do Brasil. Só que, ao contrário da paralisação das aulas do ensino médio, as ocupações universitárias não estão conseguindo tanta eficiência.
O movimento de alunos grevistas em universidades estaduais começou em maio deste ano. Sem acordo com as reitorias, adeptos das ocupações têm lutado para garantir a paralisação total das aulas. Enquanto isso, um grupo de alunos e professores contrários à interrupção do calendário letivo tenta seguir com o conteúdo e avaliações. Os grevistas pedem pela reposição das aulas e avaliações após o fim das negociações para que não sejam prejudicados.
O professor de probabilidade na Unicamp Seguei Popov teve sua aula interrompida pelos piquetes – movimentos de invasão das salas para impedir a continuidade das aulas. Em vídeo compartilhado nas redes sociais, alunos grevistas chegam a apagar as anotações do professor no quadro que seguiu lecionando o conteúdo sem resistência, apesar do batuque e barulheira para atrapalhar a aula do professor.
Os objetivos da greve estão sendo comunicados de modo disperso para a sociedade. As principais bandeiras são a implementação do sistema de cota nas universidades estaduais, melhores condições e salários para os funcionários, melhoria das moradias estudantis e revisão de cortes em investimentos na rede de ensino do estado. As pautas são válidas, mas o modo como as ocupações estão sendo conduzidas provoca crítica e impede a eficácia do protesto. A dificuldade de diálogo e unidade entre os lados da moeda mantém as ocupações universitárias bem atrás da manifestação de secundaristas.
Um vídeo compartilhado por alunos da Unicamp publicado na página “Ô, Xavante” mostra a dificuldade de articulação para conseguir a adesão por todos os alunos. Como alguns universitários não se sentem representados pelas assembléias organizadas pelos grevistas, alguns fóruns online estão sendo criados para buscar uma harmonia entre todos envolvidos na história. O vídeo abaixo atualiza em formato de boletim sobre a situação do movimento na Unicamp e convida a participação da comunidade acadêmica nos debates.
Vídeo publicado por XVNTV em modo público em “Ô, Xavante” no Facebook
Além do professor Serguei Popov, outros professores têm registrado ocorrências, alguns dizem ter feito até ocorrência policial contra alunos grevistas. A polícia não pode entrar no campus. Enquanto isso, o diálogo segue no mesmo ritmo das aulas: paralisado.