A cada 1h30 uma mulher é morta no Brasil. O dado divulgado pelo Ipea em 2013 deixa claro: toda hora é hora para falar sobre agressões contra mulheres. Em um país onde elas literalmente dormem com o inimigo, fica ainda mais difícil prevenir esse tipo de violência. O Mapa da Violência 2015 elaborado pela Faculdade Latino-Americano de Ciências Sociais revelou que um a cada três mulheres assassinadas são mortas por atuais ou ex-companheiros.
Na última quarta-feira, dia 31 de agosto, a paranaense Marileia Kazmiroski e a paulistana Maria da Conceição foram assassinadas pelos seus companheiros. No dia seguinte, a carioca Débora Chaves foi esfaqueada pelo ex-marido horas depois de denunciá-lo. Além delas, dezenas de outras que não ganharam destaque na mídia. O massacre não pode ficar invisível.
O jargão “em briga de marido e mulher não se mete a colher” acompanha nossa educação popular há anos. A ideia já era enraizada nos jornais na década de 1920. O Jornal do Brasil (1926) e o A Noite (1923) ensinava nossos avós que devemos nos calar quando ficamos sabendo de briga de casal.

Jornal A Noite (1923 – esquerda) e Jornal do Brasil (1926 – direita) com destaques lembrando que quem se envolve em briga de casal sai mal na história.
Reprodução Hemeroteca Digital
Um grupo de mulheres de mulheres em Pernambuco resolveu bater de frente com esta ideia quase um século depois. Em um evento de incentivo a startups lideradas por meninas realizado em Recipe/PE em março deste ano, a analista de mídias sociais Emily Blyza conheceu outras cinco poderosas e criaram o projeto “Mete a Colher”. O grupo que já reune mais de 30 mil seguidoras no Facebook idealizou um aplicativo para conectar mulheres dispostas a se livrarem de relacionamentos abusivos a outras que se disponibilizam a ajudar. A rede propõe empoderar as vítimas com assessoria jurídica, oportunidade de trabalho, abrigo temporário e uma conversa de apoio. Para colocar o aplicativo no ar, está rolando uma campanha de financiamento coletivo no site https://benfeitoria.com/meteacolher. Com o objetivo de arrecadar 45 mil reais, elas já arrecadaram 30% da meta e contam com o nosso apoio nos próximos 11 dias de crowdfunding. Além de fazer parte desta histórias, as meninas oferecem várias recompensas legais para os doadores como palestras e gravura em serigrafia da artista pernambucana Nathália Queiroz.
No Rio de Janeiros, são as minas taxistas que se uniram para criar o aplicativo Táxi Rosa (disponível para iTunes e Google Play) Depois de tantas denúncias de assédio a passageiras por motoristas de taxi e Uber, o app permite chamar taxis pilotados só por mulheres. Os meninos também podem chamar as motoristas que dirigem carros identificados por um pequeno adesivo rosa na traseira do veículo.
Vamos começar a semana em clima rosa e com muito afeto compartilhado!