17 de maio é o dia escolhido pelos ativistas GLBT como o Dia Internacional contra a homofobia em memória à data em que a OMS- Organização Mundial da Saúde retirou o termo “homossexualismo” do mapa das doenças. De lá para cá, além da nova grafia da palavra, a homossexualidade vai vencendo preconceitos criados ainda na Idade Média. São 26 anos que a condição de homossexuais não é associado a uma doença na CID- Classificação Internacional de Doenças.
Caminhamos para quase três décadas sem essa excrecência, é uma grande vitória. Só que não. A realidade teima em continuar querendo andar para trás. Separo três manifestações que indicam que muitos tentam retroceder à marcha da história em direção ao finais dos preconceitos.
No sábado em Belo Horizonte, manifestantes ocuparam as ruas lembrando que no Brasil ainda são assassinadas pessoas pela única razão da sexualidade ou gênero. Ainda somos o quinto pais onde mais se matam mulheres no mundo, 4,8 por 100 mil, são mais mulheres são assassinadas por ano no Brasil do que na Síria, um país em guerra. Até em Cuba, onde homossexuais e transgêneros já foram assassinados pelo governo revolucionário, foi palco de manifestações preparatórias para o dia 17. Ironicamente, a organizadora dessas manifestações é Mariela Castro, filha do comandante Raul. Se isso não é suficiente para indicar novos tempos, o que será, hein?
Neste domingo (15), as ruas de São Paulo e outras cidades foram tomadas pelas mulheres, para lembrar ao presidente interino Michel Temer que não há uma única representante mulher no ministério dele. A resposta dele foi muito desajeitada. Apontou uma chefa de gabinete que nem aparece na foto da posse, que está atrás de um nome para ocupar a secretaria da Cultura, agora que o Ministério da Cultura foi rebaixado. E ainda citou em entrevista ao Fantástico que pretende colocar a mulher dele, a silenciosa Marcela para cuidar da área social. A resposta foi um panelaço durante a entrevista.
No mesmo domingo, a encantadora Julia Roberts e outras estrelas do cinema apareceram para a abertura do Festival de Cannes descalças. São mulheres lindas e poderosas também se manifestando contra o fato de mulheres terem sido barradas na mesma abertura no ano anterior por não estarem de sapatos com salto suficientemente altos! É inacreditável a cegueira dos organizadores do Festival de Cannes, na França, e uma manifestação artística que deveria ser consciente dos direitos das mulheres.
O diretor artístico do Festival de Cannes, Thierry Fremaux, se desculpou com um ano de atraso, dizendo que houve um excesso de zelo. É, pode ser excesso de zelo, mas também uma absoluta falta de vergonha na cara continuar tratando as mulheres, os gays, os trans e as diferenças de gênero e sexualidade com tanto preconceito.