Quase 20 mil brasileiros estão estudando nos EUA. Isso representa 0,01% da nossa população total. Parece pouco, mas é o suficiente para colocar a brasileirada em oitavo lugar na lista dos principais países de origem dos estudantes estrangeiros nos EUA.
Ocupando o primeiro, segundo e terceiro lugar no ranking, encontram-se a China, Índia e Arábia Saudita, respectivamente. Os números são do relatório Open Doors, publicado anualmente pelo Instituto Internacional de Educação.
Até aí seria motivo de festa para quem acredita que o ensino norte-americano proporciona uma boa qualificação. O problema é que muitos desses alunos não pretendem voltar para o solo tupiniquim tão cedo.
A repórter Vanessa Fajardo, do G1, entrevistou alguns desses brasileiros. Entre os depoimentos dos cinco jovens citados na matéria, há algo em comum: a vontade de ficar um pouco mais nos EUA para praticar o que aprendeu, especialmente na expectativa de conseguir uma experiência profissional nas empresas americanas conhecidas pela inovação.
Sabemos que a condição atual do Brasil não é um feirão de ofertas de empregos, o que desestimula o retorno destes estudantes para casa. A sombra da crise econômica levou a taxa de desemprego cravar 13,7% no último trimestre.
Se olharmos para o ranking dos países que mais investem em inovação, o Brasil não está mais nos TOP 10. Um cruzamento feito pela ONG Bagatelle elencou os países que mais investem em pesquisa e desenvolvimento proporcionalmente ao seu produto interno bruto.
Israel é o cabeça de chave com 4,2% do seu PIB investido em pesquisa e desenvolvimento. Na sequência, a Finlândia e Coreia do Sul empatam com 3,6% do PIB investido. O Brasil ocupa da 36a colocação na lista com apenas 1,3% na proporção.
Na contramão da média brasileira, temos empresas que dão bom exemplo. Reconhecida pela sua capacidade de inovação, a Embraer reinveste 5,6% do seu faturamento na área de Produto e Desenvolvimento, o que representa R$ 1,13 bilhão por ano. A mentalidade corporativa também extrapola a curva. Segundo Mauro Kern Jr., VP de Operações da companhia, a Embraer conta com uma equipe de desenvolvimento treinada para pensar daqui a 15 anos.
O Brasil possui no seu histórico momentos de destaque de inovação mundial. Na década de 1970, despontamos no desenvolvimento e pioneirismo na utilização em larga escala do Etanol como recurso energético. O projeto Pró-Álcool colocou o etanol produzido pela cana de açúcar em muitos carros brasileiros.
Em tempo de vacas magras, mentes qualificadas e treinadas para identificar soluções inovadoras são fundamentais. Enquanto os brasileiros formados pelo Tio Sam não embarcam de volta, o número de graduados por aqui deixam a desejar.
Uma pesquisa feita pelo Instituto Locomotiva a partir da PNAD identifica aproximadamente 18,2 milhões de brasileiros com graduação completa. No entanto, este número representa apenas 12% da população adulta.
É essa minoria com ensino superior que leva a melhor na hora de checar o holerite. O salário dos graduados é 147% maior do que aqueles que ainda não terminaram uma faculdade.
Ainda segundo o instituto Locomotiva, temos consciência da importância do ensino. Nove em cada dez brasileiros concordam que a educação é o principal meio para atingir o sucesso profissional.
Apontando a mira no futuro, fica nítida a necessidade de investirmos em um ambiente propício em inovação. Um excelente atrativo para estimular as mentes mais qualificadas profissionalmente, além de apontar a necessidade de levarmos a sério a importância de maior formação dos brasileiros no ensino superior.