Na preparação para a cobertura da Rio 2016, dei um pulinho na Europa para aprender um pouco onde tudo começou. Caminhando por Roma, encontrei um ônibus italiano rolando o barranco na beira do precipício. Ainda bem que a imagem era só a capa da revista The Economist que trouxe como destaque nesta semana a crise que os bancos sofrem na Itália. Vale lembrar que aperto econômico de primeiro mundo é bem diferente dos apertos financeiros que encontramos pelo Brasil.
A minha coluna da CBN de hoje foi gravada no Coliseu, o maior e mais famoso anfiteatro do mundo. Uma obra inaugurada no ano 80 d.C e está mais inteiro do que muita obra concluída recentemente nas terras tupiniquins. Por falar nisso, por onde anda o Velódromo do Pan 2007? Escafedeu-se, evaporou ou foi devorado na cova dos leões.
Na minha escapada rápida do Brasil, vim colaborar com a estatística do turismo na Itália, que vai muito bem, obrigada. Mais de 53 milhões de pessoas turistaram por aqui no ano passado. Para calibrar sua balança, o Brasil recebeu 6,5 milhões de gringos no ano da Copa do Mundo.
Além de aprender as receitas das nonas italianas, precisamos acertar a mão na conquista dos turistas internacionais. Como bem lembrou Roberto Nonato na conversa da CBN hoje, o Brasil é um gigante perto do território italiano. Cabe muita gente por aqui para conhecer nossas maravilhas culturais e naturais.
Se algum brasileiro estiver por Roma disposto a fazer um estágio de receptividade na capital italiana, vejam aí minhas três anotações no meu caderninho de estudos.
1. Desfrute da água potável disponível em bicas por todas as ruas do centro histórico. Roma é cortada pelo belíssimo e limpo Rio Tibre, conhecido como a alma da cidade, que já foi considerado até uma divindade pela mitologia romana na figura de Tibernus.

Turistas e locais se hidratam nas bicas de água potável distribuídas por todo centro histórico de Roma.
Marcelo Tas / Acervo pessoal
2. Ocupe um dos oito assentos da Pan Divino, uma pequena lanchonete de panini e sanduíches turbinados por presuntos, embutidos, queijos e saladas comandado por Giuseppe e Maitê Hernandez. Por $22 euros você bebe vinho, come bem e ainda experimenta o tradicional tiramissu de sobremesa.
3. Passeando pelo Coliseu, a Vila Belmiro dos romanos, aprendi a origem de uma palavra que vamos repetir muito durante a olimpíada no Rio: “arena”. A palavra que no latim significa areia tomou o sentido que conhecemos hoje aqui no Coliseu. O centro do anfiteatro era coberto de areia que também tinha a função de drenar o sangue dos gladiadores nos jogos mortais e dos cristãos que eram sacrificados com as mordidas das feras soltas como reza a versão católica.

Foi no centro do Coliseu que nasceu o sentido atual da palavra “arena”.
Foto: Diliff / Reprodução Wikipedia
O imperador César era saudado a cada morte no saudoso ícone romano. “Salve, César! Aqueles que vão morrer te saúdam”, gritavam dos camarotes. Que as arenas cariocas reforcem o novo sentido da palavra com muitas saudações aos atletas. E os gritos das arquibancadas sejam só de alegria pelas medalhas que serão distribuídas nos jogos Rio 2016.